O forró é um ritmo alucinante que faz parte do gênero típico dos festejos juninos, hoje difundido no país inteiro independente de época. O mesmo possui várias vertentes, desde o pé-de-serra ou universitário, até o mais moderno. Pensando nisso, resolvemos analisar como a mulher é retratada nas musicas do forró.
Recolhemos o material verbal, letras de forró de várias bandas, tanto do ritmo tradicional quanto do ritmo eletrônico, pontuando como a mulher é descrita, qual o seu papel na sociedade e qual a linguagem usada nas letras. Nesse processo, foi notório perceber que os produtores das bandas de forró utilizam de meios variados para a divulgação do seu trabalho. Usam a internet, disponibilizando vídeos e downloads, a rádio, televisão. Dessa maneira, o forró está presente em vários ambientes sociais, abrangendo assim, grande parte da população.
Junto ao forró sempre está o São João e todo o seu repertório cultural. Ao analisarmos o forró tradicional, constituído pela sanfona, zabumba e triângulo, percebemos elementos que fazem parte da cultura rural, mas, principalmente, a conexão que existe entre o sertão e o meio urbano. As suas letras, na maioria das vezes, relatam à saga do povo nordestino, que migram para o sul à procura de melhores condições de vida. Já quando falamos do forró eletrônico, esse que é constituído por bateria, guitarra, baixo e outros equipamentos eletrônicos, temos a inclusão de dançarinos com coreografias sensuais e também à adesão de um ritmo mais veloz e agitado nas canções, incluindo um deslocamento temático, pois passa a tratar das relações de gênero, isto é, dos papéis sociais desempenhados por homens e mulheres de forma hierarquizada. Podemos citar exemplos presentes em algumas músicas, como: “olha a barriguinha, olha a barriguinha, vamos malhar pra não ficar barrigudinha”; “todo final de semana a gente quer se divertir, eu não tô nem aí, eu não tô nem aí, eu convido as “piriguetes”, pra gente sair por aí, só quero é curtir”; “solteirona se cansou de viver sozinha, agora está querendo se apaixonar, não quer mais viver sofrendo de solidão, solteirona tá doidinha pra se casar”.
De maneira geral a sociedade é quem constrói os papeis sociais. Na música do forró eletrônico, ressaltam-se na mulher as suas características mais marcantes, como por exemplo, traços físicos e comportamentos, o que na grande maioria são produzidas para serem marcantes de acordo com o olhar machista, moldadas por um grupo dominante e tais características estão presentes nas músicas, porém é necessário analisar como essas características estão expressas na linguagem e está na maioria das vezes desvalorizando a mulher, vista como objeto sexual, do que de forma ampla como sujeito crítico, pensante. Podemos citar como exemplo, a música “Chama na Buzina” da banda Aviões do forró. Nessa letra em especial, eles tratam a mulher como interesseira, desvalorizando-a. Usufruem ainda, do seu corpo de bailarinas, para chamar a atenção do público masculino, público esse, que vê essas mulheres pelos seus dotes físicos, apenas como um objeto de prazer.
Enfim as músicas do forró são usadas para massificar as pessoas que não param para analisar o que realmente as letras querem transmitir e só se prendem na melodia marcante e no momento da curtição. Esse comportamento é muito interessante para a classe dominante, pois quanto mais alienada a classe menos favorecida estiver, mais fácil será continuar a impor suas vontades sem que ninguém reivindique nada, já que uma das formas de manutenção dessa classe burguesa é sustentar a desigualdade de gênero e a exploração da mulher.
